O profano e o épico da Ilíada na arte contemporânea
O livro épico "Ilíada" de Homero tem como tema principal não a guerra da Troia propriamente dita, mas sim o conflito interno que se passou entre o povo grego no meio desta guerra, mais especificamente, a rixa entre Agamêmnon, o rei dos Aqueus, e Aquiles, seu maior herói. O que Homero pede que a deusa lhe cante é "do Peleio Aquiles a ira tenaz...", confome os primeiros versos da obra.
Em sua época, o escrito era considerado sagrado, era a "deusa" que havia inspirado o texto, que continha vários detalhes sobre o agir das dinvindades do Olimpo, assim como sobre o comportamento das pessoas nesse período e dessa cultura.
Todavia, sob uma ótica retrospectiva, com nossos olhos contemporâneos, é possível afirmar que a Ilíada trata de um tema mundano, profano, que é a simples briga entre duas personagens, rixa até mesquisa, uma vez que custou a vida de muitos. Porém, a obra descreve de maneira épica esse tema profano, inserindo-o num contexto e numa narrativa extremamente heróica e repleta de peso histórico e religioso. Trata-se de um modo de pensamento condizente com o paganismo, certamente.
Esse modelo foi superada em muitos aspectos pela literatura, conforme os tempos foram mudando. Primeiramente, abandonaram-se os temas profanos, para, após, abandonarem-se as abordagens épicas, retornando-se aos temas profanos, mas agora, destituídos de seu contexto histórico ou heróico.
Na pós-modernidade, não existe mais sentido, as pessoas, as coisas, os acontecimentos estão todos desprovidos de ordem. A realidade é complexa e caótica demais para que se possa pensar sobre ela, para que se possa tentar compreendê-la - resta ao ser humano a possibilidade de sentir, pois a verdade é uma ilusão relativa. Apenas existe o fragmento e qualquer abordagem sobre ele que seja histórica ou mais ampla é autoritária e deturpadora.
Frente a essa ideologia conservadora sobre a arte, que nega a forma, sem superá-la, e também nega o conteúdo - uma espécie de regressão civilizatória - é preciso haver uma reação. Para tanto, arrisco propor uma analogia com a relação entre tema e abordagem da Ilíada.
Ao narrar um tema profano de maneira épica, a Ilíada mostra como aquilo de mais cotidiano é repleto de sentido histórico - a mesquinha rixa entre Agamêmnon e Aquiles é inserida no turbilhão da guerra de Troia e na história do povo grego e de seus deuses. O análogo devemos fazer. Aquilo de mais cotidiano e profano de nossas vidas, quando vamos ao trabalho, quando lemos livros, quando navegamos na internet, ou seja, nosso dia-a-dia, tudo isso é dotado de um sentido histórico.
Para que possamos traduzir, interpretar, ler e entender a Ilíada, foram necessários aparelhos sociais que foram sendo criados, desenvolvidos, alterados, em seus fluxos e refluxos, aconteceram revoluções, aconteceram golpes. É necessário resgatarmos o sentido histórico das "pequenas coisas", tratarmos de temas profanos de um modo épico, pois a batalha de nosso tempo é a batalha mais heróica da humanidade.
Em sua época, o escrito era considerado sagrado, era a "deusa" que havia inspirado o texto, que continha vários detalhes sobre o agir das dinvindades do Olimpo, assim como sobre o comportamento das pessoas nesse período e dessa cultura.
Todavia, sob uma ótica retrospectiva, com nossos olhos contemporâneos, é possível afirmar que a Ilíada trata de um tema mundano, profano, que é a simples briga entre duas personagens, rixa até mesquisa, uma vez que custou a vida de muitos. Porém, a obra descreve de maneira épica esse tema profano, inserindo-o num contexto e numa narrativa extremamente heróica e repleta de peso histórico e religioso. Trata-se de um modo de pensamento condizente com o paganismo, certamente.
Esse modelo foi superada em muitos aspectos pela literatura, conforme os tempos foram mudando. Primeiramente, abandonaram-se os temas profanos, para, após, abandonarem-se as abordagens épicas, retornando-se aos temas profanos, mas agora, destituídos de seu contexto histórico ou heróico.
Na pós-modernidade, não existe mais sentido, as pessoas, as coisas, os acontecimentos estão todos desprovidos de ordem. A realidade é complexa e caótica demais para que se possa pensar sobre ela, para que se possa tentar compreendê-la - resta ao ser humano a possibilidade de sentir, pois a verdade é uma ilusão relativa. Apenas existe o fragmento e qualquer abordagem sobre ele que seja histórica ou mais ampla é autoritária e deturpadora.
Frente a essa ideologia conservadora sobre a arte, que nega a forma, sem superá-la, e também nega o conteúdo - uma espécie de regressão civilizatória - é preciso haver uma reação. Para tanto, arrisco propor uma analogia com a relação entre tema e abordagem da Ilíada.
Ao narrar um tema profano de maneira épica, a Ilíada mostra como aquilo de mais cotidiano é repleto de sentido histórico - a mesquinha rixa entre Agamêmnon e Aquiles é inserida no turbilhão da guerra de Troia e na história do povo grego e de seus deuses. O análogo devemos fazer. Aquilo de mais cotidiano e profano de nossas vidas, quando vamos ao trabalho, quando lemos livros, quando navegamos na internet, ou seja, nosso dia-a-dia, tudo isso é dotado de um sentido histórico.
Para que possamos traduzir, interpretar, ler e entender a Ilíada, foram necessários aparelhos sociais que foram sendo criados, desenvolvidos, alterados, em seus fluxos e refluxos, aconteceram revoluções, aconteceram golpes. É necessário resgatarmos o sentido histórico das "pequenas coisas", tratarmos de temas profanos de um modo épico, pois a batalha de nosso tempo é a batalha mais heróica da humanidade.
Seu texto é muito bom, se importa se eu copiar alguns pedaços para o meu trabalho sobre Ilíada para a faculdade?
ResponderExcluirOlá Carol, obrigado pelos elogios, pode utilizar sim, é claro
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