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Mostrando postagens de abril, 2010

A VERDADE ESTÁ LÁ FORA

De modo geral, todos sabem que a verdade é relativa. Embora o vermelho seja vermelho; para um daltônico, vermelho é apenas mais um tom de cinza. É verdade que vermelho é vermelho para um, mas também é verdade que vermelho é cinza para outro - conceitos opostos que não se anulam ou contradizem, pois são relativos. A verdade é, portanto, relativa, subjetiva, quando individualizada. Mas há também uma verdade mais fundamental no caso - ambos enxergam o objeto, seja de forma vermelha ou de forma cinza. Eis a totalidade em questão, a verdade universal no universo dos dois, e ela somente pode ser coletiva. Se fossem três, e o terceiro fosse cego, a verdade seria mais fundamental, mais absoluta - nesse caso, para os três o objeto existe, independente da cor, ou então, os três têm olhos, etc. Individualmente, não há verdade absoluta. Fechada em si mesma, tem como fundamento ela própria, ou um a priori paranóico; ampliada num contexto social, o fundamento é coletivo e, portanto, histórico - aqu

LISBOA DE OUTRORA DE HOJE, PLANETA PROLETÁRIO, O QUE ME DAIS?

a formatação desse infeliz html do blogger tirou dos poemas do Maiakovski a forma, mas ainda dá pra entender. Vida e con texto : entre e intra guerras. Em 1890 "nascia" ficticiosamente o poeta Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, este nascido em 1888. Diferente do criador tanto na maneira de escrever quanto na postura que tinha em relação ao mundo e à humanidade. São pessoas, poetas diferentes - eis a genialidade de Pessoa. Muito sensível ao lugar e à época em que vivia, Álvaro de Campos sentia as dores do começo do século XX, quando o projeto de um novo mundo começava a mostrar suas inconciliáveis contradições e a humanidade, segmentada, era jogada num abismo dentro dela própria. Em 1914, com 26 anos, o poeta português sofreu as angústias terríveis da Grande Guerra, a maior destruição humana, a desolação não apenas de exércitos, mas de civis, de nações inteiras, de um continente. Grandes são os desertos, e tudo é deserto Não são alguma

O QUE É IDEOLOGIA E FETICHISMO NO DIREITO ou SABER OU FAZER? EIS A QUESTÃO

O conceito de ideologia é polêmica que perpassa por todo ferramental teórico de qualquer análise social, especialmente do materialismo histórico. Indo, portanto, direto à fonte, a máxima de Karl Marx destacada do Capital para definir sinteticamente ideologia é a tradicional "disso eles não sabem, mas o fazem" 1 . O filósofo Slavoj Zizek, dando um passo além do monotom acadêmico sobre o tema, faz uma pergunta central para compreendê-lo: "onde se situa a ilusão ideológica, no 'saber' ou no 'fazer' da própria realidade?" 2 . A resposta que parece óbvia não é necessariamente a correta. O senso comum é que a ideologia está no "saber", as pessoas não sabem o que é a verdade, suas consciências estão ideologicamente distorcidas. Porém, resgatando o francês Alfred Sohn-Rethel, Zizek chama a atenção para a existência de abstrações reais, em contraposição à abstrações apenas ideais. Um exemplo que pode nos ajudar a elucidar como a ideol